06 junho 2008

COI alerta Rio sobre estrutura "inadequada" de transporte

No relatório elaborado pelo grupo de trabalho sobre as cidades candidatas para a Olimpíada de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) foi crítico e apontou como "inadequado" o sistema de transporte do Rio de Janeiro. A cidade brasileira foi relacionada nesta quarta-feira, em Atenas, para continuar na disputa ao lado de Chicago, Madri e Tóquio.O COI vê a topografia do Rio de Janeiro como um desafio para modernizar o transporte carioca. A entidade critica a distância entre os locais de disputa das provas indicados preliminarmente e destaca a proposta da cidade em construir 100km de corredores de ônibus, além da implantação de mais linhas metrô e complementação das linhas atuais, como a Copacabana-Centro, que seria prolongada até a Barra da Tijuca.

"O maior desafio da candidatura é a infra-estrutura. Nossa nota na gerência de trânsito foi extraordinária no relatório do COI. Agora precisamos de investimentos na construção de metrôs", definiu o prefeito do Rio, César Maia, logo após o anúncio.

Nos dados fornecidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para a candidatura carioca, está previsto o investimento de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 4,2 bi) na área de transporte, incluindo na conta a construção de três novas linhas de metrô, inclusive com uma principal ligando o Maracanã a Deodoro, dois pólos de competições dos Jogos, caso o Rio seja escolhido.

A população carioca atual é de 11,5 milhões de pessoas e o COI projeta um crescimento de 3% nesse número para 2016. Até lá, entretanto, a própria entidade mostra pessimismo com a possibilidade de melhora: aponta como solução a implantação de ônibus com grande capacidade e condições de conduzir passageiros com conforto e pede uma rota mais expressa entre o principal palco de competições e o centro de imprensa, cujo local indicado para construção pelo COB foi elogiado.

É bom o COB ficar atento ao problema do transporte. O quesito tem peso 5 na avaliação do COI, que exige boas condições para receber os até 2 milhões de visitantes esperados durante os Jogos. A Olimpíada é o evento que mais amplo e que tem a maior movimentação de torcedores, competidores e imprensa em um mesmo local.

Em outros pontos de sua infra-estrutura própria, como as telecomunicações e Internet, o Rio de Janeiro atende o Comitê Internacional ao prometer melhorias que a entidade julga satisfatória. "Em todas as candidaturas, todos têm pontos positivos e negativos. As cidades que passam apenas os pontos positivos podem parecer infinitamente superiores. Mas não é assim", destacou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.

O dirigente tem razão. No sistema de tráfego existente, a nota obtida pelo Rio foi de 7, enquanto os planos de expansão fazem a média subir para 9. No total, a nota obtida no setor de transportes pelos cariocas foi de 7,2, atrás de Chicago (7,4), Doha (7,5), Tóquio e Madri (ambos com 8,9).

O COI também não esconde a preocupação com a questão dos aeroportos do Rio, em especial o internacional Tom Jobim. A entidade prevê problemas com o aumento considerável no número de passageiros, mas salienta que faz parte do dossiê a ampliação das áreas de desembarque e circulação de passageiros.

Fora isso, a avaliação é de que existem poucas opções de ligação entre o Tom Jobim e os locais de disputa. O aeroporto precisaria de investimento: o tempo ideal de viagem entre os locais de disputa, o aeroporto e o centro de imprensa é entre 25 e 30 minutos. Como nos Jogos Pan-Americanos houve separação de até 20km entre os destinos, parece improvável cumprir essa meta em uma Olimpíada carioca.

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