09 abril 2014

Liga dos Campeões 2013/14: Atlético de Madri vence o Barcelona e classifica-se para as semi-finais da competição

Diego Costa, quem? Time e torcida do Atlético de Madrid não sentiram falta do principal jogador de seu time nesta quarta-feira, quando os dois deram uma brilhante exibição de sintonia e, juntos, eliminaram o poderoso Barcelona da Liga dos Campeões da Europa, com uma vitória por 1 a 0. Foi a prova definitiva de que este time colchonero não depende somente de uma estrela e que, se está pela primeira vez em 40 anos na semifinal da competição, deve isso a cada gota de suor, e foram muitas, deixada no gramado do Vicente Calderón pelos jogadores que vestiram a camisa do time madrilenho.

Se existe uma estrela que brilha mais no Atlético, ela passou o jogo inteiro no banco. Não é Diego Costa, ele nem estava lá, foi cortado minutos antes do começo da partida. Essa estrela é Diego Simeone, que mostrou contra o Barcelona toda a consistência de seu trabalho até agora no comando da equipe. Tanto na motivação de seus atletas, que atuaram ligados e empolgados desde o primeiro minuto, quanto no lado tático, que não permitiu ao time catalão fazer o que sabia de melhor. A defesa colchonera foi um paredão, que não deixou o poderoso ataque rival se infiltrar uma vez pelo meio sequer.

Enquanto Simeone passou o jogo na beira do gramado conversando com seus atletas, que demonstravam ouvi-lo, mesmo no calor da partida, do outro lado, um Tata Martino cabisbaixo, que não conseguiu extrair o real potencial de seu time. O Barcelona pouco jogou no Vicente Calderón, em uma de suas piores atuações na temporada. Jogadores apagados e afastados um do outro no campo, pouco se olhando e transbordando falta de confiança. A receita da derrota.

Depois de Diego Simeone, quem brilhou foi a torcida no Calderón. Os atleticanos impuseram o clima, desde quando os dois times entraram em campo e viram na arquibancada um grande mosaico, que dizia 'Ganhar, ganhar e voltar a ganhar', mesmo o time precisando apenas de um 0 a 0, depois do empate por 1 a 1 no Camp Nou. Mal deu para ouvir os apitos do árbitro Howard Webb durante o jogo, tamanho era o barulho feito pela torcida quando o Barcelona encostava na bola. Ao fim, os jogadores do Atlético chegaram a voltar do vestiário para comemorar com os colchoneros que não saíam do estádio, tal era o êxtase com a vitória. Do outro lado, os poucos catalães que viajaram para Madri aplaudiam em reconhecimento ao triunfo rival e à bela festa.

O Atlético levou a melhor sobre o rival e pode enfrentar outro rival espanhol na semifinal, o Real Madrid. Também estão entre os quatro, Chelsea e Bayern de Munique, outro classificado nesta terça-feira, depois de vencer o Manchester United por 3 a 1, de virada, na Allianz Arena. O sorteio da próxima fase será realizado na sexta-feira que vem, às 7h (de Brasília). Não há restrição para o emparelhamento, qualquer confronto é possível.

Intensidade contra Neymar só

O Atlético mostrou sua intensidade logo de cara. Quando Raúl Garcia deu um chute exatamente do mesmo local de onde Diego fez o gol do jogo da ida no Camp Nou, e mandou para fora, deixou os torcedores do Barcelona assustados. Mal sabiam os catalães o bombardeio que vinha pela frente.

Era como se o time da casa estivesse girando em outra rotação. Adrián López, que teve a árdua função de substituir Diego Costa, principal estrela do Atlético, acertou a trave na primeira chance que teve. O atacante ganhou de Mascherano na velocidade e chutou forte. Não marcou, mas a jogada não terminou. Enquanto os barcelonistas pareciam espectadores de luxo, Villa pegou o rebote pela esquerda e cruzou de volta para o reserva, que subiu nas costas de Jordi Alba e só ajeitou de cabeça para Koke. Na pequena área, o meia usou toda a força que tinha para empurrar a bola para dentro do gol e mandar a mensagem para o adversário. Seria preciso muita gana para passar pelos colchoneros.

Era o contrário do que queria o técnico Tata Martino. O argentino passou a semana dizendo que esperava marcar primeiro, o que não havia acontecido até então em nenhum dos outros quatro confrontos entre as duas equipes no ano. O discurso do treinador também era de igualar na força e na raça para vencer. Só que seu time parece não ter assimilado bem o pedido. A pressão do Atlético na saída de bola deixou o Barça desestabilizado. A torcida jogou junto e ajudou com vaias ensurdecedoras em todo momento que um jogador de preto tocava na bola. Com o trio Pinto, Mascherano e Bartra completamente desentrosado, os madrilenhos fizeram a festa.

Ainda estamos no comecinho do jogo. Aos sete minutos, Pinto quase entregou para Adrián ao receber bola recuada. Logo na sequência, mais uma bobeira na na marcação da defesa, que deixou David Villa sair sozinho pela esquerda. De canhota, o atacante deu um chute que acertou a trave pela segunda vez na partida. Tinha mais. Pouco depois, o ex-Barcelona recebeu mais uma com liberdade, que terminou na trave de novo. O atacante se irritou e chutou a placa de publicidade. Sabia da importância de fazer aquele gol e de enfraquecer o rival, que ainda dependia só de marcar uma vez para voltar a brigar pela vaga.

Do outro lado, o Barcelona esteve irreconhecível. Iniesta deixou de dominar bolas fáceis. A posse de bola e a infiltração pelo meio que tornaram a equipe catalã de alto nível não aconteceram. O que se viam eram insistentes tentativas de cruzamento na área, mesmo que o time jogasse sem um centroavante. Em uma delas, Messi apareceu sozinho após cruzamento de Daniel Alves e quase marcou, mas cabeceou para fora.

Por outro lado, Neymar se mostrou confiante. Com a atuação no jogo de ida, o atacante parece ter convencido Tata Martino de que precisa jogar na esquerda. Provou também que está melhor adaptado ao futebol europeu. Quando levou trombadas, tropeçou e não caiu. Quando perdeu a bola, voltou, dividiu e a recuperou.

Foi do brasileiro a melhor oportunidade do Barcelona no primeiro tempo. Disparou desde o meio de campo, ficou firme e não caiu na trombada de Miranda, colocou por baixo das pernas de Tiago e cruzou para Messi, que não aproveitou, e chutou para fora. Puxado pelo brasileiro e comandado por Xavi no meio de campo, o Barça terminou melhor o primeiro tempo. Mas precisaria de mais para vencer o jogo. Muito mais.

Barcelona melhora, mas não marca

O Barcelona voltou para o segundo tempo mais ligado. E com Neymar e Xavi ainda em destaque. Logo no primeiro minuto, o espanhol fez lançamento preciso para o atacante, que saiu diante de Courtois, que cortou a tentativa de drible. No rebote, Messi teve o chute travado.

O time catalão conseguiu colocar mais de sua cara na segunda parte do duelo, atuando sempre com os dez no campo de ataque, deixando o Atlético acuado. Enquanto o Barcelona pressionava, os jogadores do time da casa recorriam a sua torcida para ajudar dentro de campo. Em diversos momentos, os colchoneros se voltaram para as arquibancadas pedindo o apoio, que veio em alto e bom som. Time e torcida estavam em sintonia.

As melhores chances eram do Barça, que se mostrou mais vivo na partida. Xavi perdeu uma chance parecida com a de Messi no primeiro tempo, ao cabecear para fora um cruzamento de Daniel Alves. Era a hora de mudança. Fàbregas, que continua sem render, foi substituído por Alexis Sanchéz. Era o movimento de Tata em busca de um time mais ofensivo.

Mas, com os espaços abertos, o jogo voltou a ser do Atlético. O meia Diego, que entrou no lugar de Ádrián, teve duas oportunidades logo ao entrar em campo, na mesma jogada. Em ambas, parou no goleiro Pinto. Aliás, o goleiro do Barcelona, que sofreu com a irritação dos próprios companheiros durante a primeira etapa, salvou o Barcelona de um desastre aos 25, quando Gabi recebeu sozinho, e chutou rasteiro, dentro da área. Pinto mandou para escanteio.

Nos torcedores do Barcelona, era predominante o semblante triste. Só abriram suas bocas quando viram a placa de substituição subir para Iniesta, que completou 500 jogos pelo time, sendo trocado por Pedro. A mudança fez a partida virar ataque contra defesa.

Neymar quase empatou aos 32 minutos. Em cruzamento de Daniel Alves, mergulhou e cabeceou perto da trave. Impressionantemente, as melhores oportunidades do Barça surgiram em jogadas aéreas, o que nunca foi a especialidade do time catalão. Mas, dessa vez, o atacante, que já havia autor de dois gols sobre o Atlético na atual temporada, não conseguiu deixar sua marca. Ninguém no Barcelona conseguiu.

E o Atlético quase ampliou antes do fim. Em lançamento longo, Cristian entrou na área e disparou a bomba. Mas Pinto defendeu bem. Até o apito do árbitro, os colchoneros gastaram o tempo em campo e fizeram muita festa na arquibancada. A Espanha agora tem dois times na semifinal da Liga dos Campeões da Europa, ambos de Madri.

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