Na estreia da Libertadores, O Inter bem que podia ter feito mais. Só que qual seria a graça começar goleando, com facilidade? Jogando pouco, aceitando a marcação do Emelec, o time de Jorge Fossati só conseguiu espaços na metade do segundo tempo para fazer 2 a 1. A virada veio com dois belos gols. O primeiro, de Nei, um chutaço no ângulo - o mesmo que Chicão, no Novo Hamburgo, acertou para eliminar o clube vermelho do Gaúcho. Já o segundo, com troca de passes rápida dentro da grande área adversária. Quadro de Alecsandro, mas moldura de Andrezinho e Walter. Uma vitória que quebra o tabu do Internacional nunca ter conseguido estrear com vitória no torneio mais importante da América. Os primeiros quarenta e cinco minutos do Internacional na Libertadores 2010 foram abaixo da média. Muito marcado e pouco criativo para fugir da blitz do Emelec, o Inter nem sequer teve uma chance real de gol. Permitiu que os equatorianos levassem perigo ao gol do estreante Abbondanzieri pelos lados, principalmente pela direita. Encarando um adversário escalado com três atacantes, Jorge Fossati teve sua vantagem numérica da defesa reduzida a pó. Este foi o caminho mais complicado que o time vermelho teve que superar no primeiro tempo. Ayoví e Quiroz se revezavam nas estocadas contra Danilo Silva. O time de Jorge Sampaoli marcou forte o meio-campo vermelho. Isolou Giuliano e destacou dois atletas para companhar Kleber, pela esquerda. Como conseqüência, tentativas maiores pela direita. O sucesso, no entanto, não foi pleno. Nei tentou, por várias vezes, tabelar com Edu e servir Alecsandro. Mariano Mina, zagueiro do Emelec, foi facilmente envolvido. Mas os outros defensores do time equatoriano garantiram a segurança para Elizaga, que mal trabalhou. Sempre nos contra-ataques, o Emelec encontrava um sistema de marcação do Inter postado, mas lento. A troca rápida de passes no miolo do campo atrapalhava Sorondo e Bolívar. Danilo Silva contou com a sorte de Ayoví possuir pouca qualidade técnica. A primeira conclusão do Inter a gol aconteceu somente depois de 21 minutos de bola rolando. Sandro apareceu na entrada da área e arriscou de primeira. O chute saiu torto e fraco a direita do gol. Sentindo a dificuldade, os jogadores começaram a arriscar mais a jogada área. As bolas paradas foram escassas, mas em uma delas o desejado gol quase veio. Aos 36 minutos, Kleber cobra falta da direita, Bolívar sobe no segundo pau e conclui, mas por azar, a cabeça de Mina, estava no meio da trajetória até a meta. O Emelec se safa do perigo por cima. Aos 42, a última oportunidade da primeira etapa. Alecsandro, saindo da área, tem espaço e arrisca. O chute saiu forte, mas alto. A dificuldade imposta pelo Emelec é reconhecida por Giuliano, na saída de campo. “Estamos trabalhando bem a bola. Eles marcam muito forte e estamos tentando entrar pelos lados”, confessou o meia. Susto e satisfação em sete minutos. O começo do segundo tempo manteve a mesma cena, Inter amarrado e Emelec rápido. Rapidez que pegou a zaga desatenta, logo aos três minutos. Rojas achou Quiróz livre e serviu o atacante. Com um toque simples, na saída de Abbondanzieri, primeiro gol do jogo acontece. A resposta vem das arquibancadas. O torcedor do Internacional não se abateu, como se pudesse prever o futuro, intensificou o apoio. Aos sete minutos, Nei – sempre pela direita, avançou, limpou um marcador e ficou de cara para o gol. Longe da meta, com tudo indicando um cruzamento ou uma tabela. Só que o ala arriscou e marcou um golaço, no ângulo. O mesmo que no domingo eliminou o Inter do Gauchão. Aos poucos, o jogo tomou outra dimensão, com um Emelec fazendo mais cera e a equipe de Fossati correndo muito. Aos poucos os equatorianos foram diminuindo o campo de ação no ataque, arriscando de longe e o clube gaúcho arriscando em combinações. Troco de Fossati na mesma moeda: pelos lados. Aos 19 minutos, o autor do gol de empate é substituído, por lesão, e Taison entra. O atacante dá mais velocidade ao trecho final do Inter. No primeiro lance, colocou Alecsandro de frente para o gol. O centroavante chutou forte, Elizaga não segurou e Edu quase chegou para virar o gol. Logo depois, com a forte chuva encharcando o gramado, a pressão vermelha se intensificava. O problema, agora, era a defesa. Aos 24 minutos Ayoví saiu sozinho na cara de Pato. O atacante driblou o goleiro do Inter e Danilo Silva foi quem salvou o que seria o segundo gol do Emelec em um Beira-Rio que não se calava. Jorge Fossati mexeu com inteligência, injetou no time velocidade e juventude. Ambas qualidades contidas do mirrado corpo de Taison. Aos 31, mais uma jogada do garoto de Pelotas. Com alta intensidade, Kleber recebeu e tentou de pé esquerdo. Elizaga saltou, mas não precisou tocar na bola. Taison recebeu logo após o lance o reforço de Walter, que entrou no lugar de Edu. Depois, foi a vez de Andrezinho tentar mudar a história da estreia, entrando na vaga de Giuliano. Reservas constroem virada em três toques. O segundo gol do Internacional parecia destinado a não sair. Porém, centroavante em campo é possibilidade de gol até o fim. Alecsandro fez valer esta escrita. Em uma jogada de Andrezinho, Walter recebeu dentro da grande área e enxergou o camisa nove ao seu lado. Alecsandro recebeu o passe e, de primeira, só empurrou para o fundo da rede. Um gol marcado pela troca de passes entre aqueles que entraram na etapa final. Após virar o jogo, bastou ao experiente time vermelho segurar a partida, matar tempo e evitar uma surpresa maior dentro de casa. Abbondanzieri fez valeu seus três títulos ao gastar preciosos minutos ajeitando as luvas. Como besteira pouca é bobagem, o Emelec arranjou uma falta no último minuto, na intermediária. Biglieri, livre, isolou para alívio de quase quarenta mil torcedores.
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