05 junho 2008

Proposta financeira do Rio 2016 está distante de rivais

No relatório elaborado pelo grupo de trabalho sobre as cidades candidatas para a Olimpíada de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) apontou que o Rio de Janeiro apresentou uma proposta financeira distante das demais concorrentes. A cidade brasileira foi relacionada nesta quarta-feira, em Atenas, para continuar na disputa ao lado de Chicago, Madri e Tóquio.

O relatório da entidade classificou todos os sete candidatos iniciais para sediar os Jogos em um ranking que avaliou a capacidade de cada um cumprir suas garantias financeiras. Isso segundo alguns fatores externos, como a vulnerabilidade da moeda, a fragilidade do setor bancário e o potencial do investimento estrangeiro.

Diante dos critérios, o Brasil recebeu a classificação "A4", ficando à frente no ranking apenas de Baku, capitão de Azerbaijão, listado como "C". Dois candidatos eliminados receberam um "A2" e ficaram melhores posicionados que o Rio de Janeiro: Praga (República Checa) e Doha (Qatar). Os outros três finalistas receberam um "A1" do COI.

Em sua proposta de candidatura, o Rio mostra um projeto que custaria US$ 750 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhões), o valor mais baixo dentre todos os concorrentes, incluindo os eliminados com antecedência nesta quarta. O COI julgou viável o projeto brasileiro.

"Se nós formos computar a situação econômica do mundo, não estaríamos aqui para concorrer. O movimento olímpico tem um programa muito claro na universalidade dos Jogos", destacou Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, minimizando a questão financeira. Só para efeito de comparação, a proposta de Chicago foi de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 4,8 bi)e acabou considerada otimista pelo COI. Além do Rio, apenas Tóquio apresentou um projeto apostado como viável, com US$ 1,557 bilhões (R$ 2,5 bi).

Peso três na somatória de pontos para a avaliação de escolha de uma cidade-sede de Olimpíada, o quesito financeiro do projeto deve levar em conta dois importantes critérios: o suporte do governo local em relação à sua flexibilidade (credibilidade) no mercado internacional e capacidade de atrair o interesse e recursos do mercado.

O orçamento apresentado (já contando o auxílio governamental) deve cumprir algumas obrigações como a prestação gratuita de serviços durante os Jogos - ou seja, atendimento médico, transporte direto entre sedes, segurança e estrutura à imprensa -, garantias de realização de todos os eventos, infra-estrutura adequada e de qualidade e manutenção das contas do comitê organizador .

É justamente nesse ponto que o Rio de Janeiro levou vantagem sobre candidatos melhores financeiramente, segundo o comitê. Na proposta brasileira, houve a garantia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que todo o suporte financeiro será dado ao comitê organizador dos Jogos no país (no caso, o próprio Comitê Olímpico Brasileiro), junto da prefeitura carioca e do governo estadual fluminense.

O setor privado deve ser procurado, mas de antemão ele não será o principal financiador de uma provável Olimpíada carioca. As garantias são mesmo públicas, sob a justificativa de que o investimento será em áreas como segurança, transporte e infra-estrutura na cidade.

Atenas, em 2004, também enfrentou dificuldades para cumprir as obrigações financeiras e precisou de ajuda governamental para honrar os acordos. Para o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, a cidade tem como quitar a garantia prometida ao COI. "O Rio de Janeiro tem uma carteira de investimentos de mais de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 32,5 bilhões) dos setores público e privado. Não vejo empecilhos para cumprirmos todas as exigências. Atenas também tinha problemas profundos que foram resolvidos", definiu.

O modelo brasileiro, contudo, não parece ter agradado o COI. As notas do país, apesar de altas para as últimas vezes em que concorreu ao posto de sede, ficaram abaixo dos concorrentes. O Rio tirou uma nota mínima de 6, superior apenas a Praga e Baku, e máxima de 7,7, atrás de todos os outros finalistas: Chicago (8), Tóquio e Madri (8,5). Curiosamente, a eliminada Doha foi novamente melhor avaliada que o Brasil e terminou com a nota mais alta de todas (8,6).

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