13 julho 2015

Pan-Americano 2015: Brasil conquista bronze histórico no Rúgbi Feminino

Aos 29 anos, Beatriz Futuro é uma atleta muito experiente no rúgbi. Foi amadora. Correu o mundo para pegar experiência jogando na Nova Zelândia e Austrália, dois dos principais países da modalidade. Muitas vezes, sofreu com a falta de apoio e de conhecimento dos brasileiros sobre a modalidade. Passou firme e forte, como quem passa por adversárias no campo, por tempos de dificuldade, em que as meninas da seleção brasileira treinavam separadas. Mas persistiu. Persistiu tanto que, neste domingo, ela e suas companheiras foram coroadas com uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Ao baterem as argentinas por 29 a 0, as Tupis, como são chamadas, chegaram à conquista inédita. Diferentemente do masculino, que já disputou o Pan de Guadalajara, no México, em 2011, foi a primeira vez das meninas. E elas guardarão, na memória e no peito, a lembrança canadense com um bronze. Mas mais que uma medalha, para Baby, como ela é chamada, o momento é de afirmação. O triunfo no "ensaio para as Olimpíadas de 2016" mostra de onde saiu, onde já chegou e onde ainda quer chegar o rúgbi brasileiro no futuro.

- É um passo muito importante e muito grande para nós. É visibilidade. Precisamos disso para mostrar que temos qualidade e que estaremos no Rio 2016 não só para participar. Somos convidadas no Circuito Mundial, mas estamos mostrando que somos um time competitivo. É muito especial, é um primeiro passo antes das Olimpíadas. O esporte não é muito conhecido no Brasil, as pessoas têm um certo receio e é importante para mostrar para as Américas que estamos aqui para brigar - relatou a simpática (e falante) atleta, quase que uma porta-voz da equipe.

Beatriz tem gosto de ser uma Tupi, de defender a seleção brasileira. Agora, principalmente. Enche o peito para falar do nível do time, para dizer que elas podem chegar longe. A era amadora ficou para trás. Sua irmã, Cris, foi de uma época onde não se podia viver disso. Hoje, é árbitra internacional. Foi o único modo de seguir no esporte. As meninas agora são profissionais, treinam juntas e possuem mais condições para levar o esporte a um novo patamar que, para ela, são os Jogos Olímpicos de 2016. A missão é mostrar o Brasil ao mundo através da bola oval.

- Jogo rúgbi há 16 anos. Todos os dias lembro das Olimpíadas. Entro na salinha de musculação e vejo: "Você está representando todos os brasileiros" na parede. Aí falo: "Ai, meu Deus, vamos lá, vamos treinar". É um exercício mental diário de estar tentando estar no seu limite e no seu melhor - comentou.

Além de ganhar uma medalha inédita, o Pan ainda proporcionou às meninas do rúgbi brasileira a convivência com outros membros do Time Brasil, o que, na opinião de Beatriz, foi enriquecedor. Ela, inclusive, se encantou por ver o nadador Thiago Pereira, de quem é fã, as meninas da ginástica artística, e se divertiu com a altura do ginasta multicampeão Arthur Zanetti, que mede 1,56m. Ela até cometeu uma gafe ao encontrá-lo.

- O tamanho muda pela TV, né? O Thiago parecia muito maior, e o Zanetti muito menor. A primeira coisa que falei para ele quando entramos juntos no elevador foi: "Nossa, você é muito menor do que eu esperava". Foi mais forte que eu, ele é muito pequeno. Não esperava (risos). É a primeira vez que estamos em uma Vila Pan-Americana, conhecendo esse ambiente de estar com outros esportes, lutando pela mesma bandeira. É bom para tirar os nervos para as Olimpíadas, é um ensaio - concluiu.

As Tupis, que são 10 vezes campeãs sul-americanas, só perderam no torneio para o Canadá, considerado segundo melhor time do mundo no feminino, e Estados Unidos. E foi realmente por pouco. Nas duas partidas, segundo Baby, foram melhores, mas deram "dois ou três tries (espécie de touchdown do rúgbi)" para as rivais, e acabaram derrotadas. Elas, inclusive, estão degraus à frente dos homens.

No Pan, eles acabaram suprimidos pelo Uruguai nas quartas de final e foram eliminados. Ainda não são a melhor equipe da América do Sul, como as Tupis. Em um país "ainda machista" como o Brasil, de acordo com Beatriz, é motivo de orgulho ainda maior.

Fonte: globoesporte.com

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